Em agosto deste ano, foi pensada uma collab entre a doutoranda Carmen Érica Lima de Campos Gonçalves (PPGET-IFAM) e a doutoranda Karla Susiane Pereira do PPG em Informática – Instituto de Computação da Universidade Federal do Estado do Amazonas (ICOMP/UFAM), para a formação de professores na disciplina de Educação Especial, da Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas (ENS/UEA).
O convite partiu da docente Carmen, que enquanto ministrava a disciplina, investigando sua própria prática, refletiu sobre como levar (também) tecnologias digitais possíveis de serem utilizadas por professores da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Amazonas, no “chão da sala de aula”.
No diálogo, a professora Karla sugeriu que não ficassem estáticas em apenas indicar aplicativos – que é algo muito comum de se ver na maioria das vezes em que ouvimos a proposição de apresentar tecnologias digitais para professores utilizarem com os alunos – mas que também formassem esses professores para averiguar aquelas que são apropriadas para uso em suas realidades, a partir do conceito de Usabilidade desenvolvido por Fleming: o Método Vark, que considera os aspectos visual, auditivo, leitura/escrita e o cinestésico; de forma a proporcionar ambientes de engajamento múltiplo, dos Princípios do Design Universal (DUO).
Assim, foi construído um Colóquio de 4h, chamado “Tecnologias Assistivas e Usabilidade”, aplicado no dia 24/10/2024, no anexo B da ENS-UEA, onde foi discutido o conteúdo da disciplina quanto à Acessibilidade, Inclusão e Autonomia, utilizando aplicativos que propiciem ou facilitem a realização de tarefas para Pessoas com Deficiência (PcD), alinhado à atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Nessa perspectiva, os elementos da Usabilidade: 1) Facilidade de aprendizado: o quão fácil é para novos usuários se apropriarem do uso dda ferramenta; 2) Eficiência: a rapidez com que os usuários passam a conseguir realizar as tarefas atendidas pela tecnologia digital; 3) Memorabilidade: a facilidade com que os usuários conseguem lembrar o “como usar” após um período sem contato com esse suporte; 4) Erros: a frequência e severidade dos erros que os usuários cometem e quão fácil é a correção pela própria pessoa no uso da ferramenta; 5) Satisfação: o quão agradável é a experiência de uso para as pessoas às quais foi fornecido utilizar o facilitador; foram apresentados e expostos para que aqueles professores em formação inicial avaliassem se as tecnologias digitais abaixo listadas, eram viáveis para uso em suas salas de aula de forma a cumprir a tarefa de facilitar ou propiciar realização de atividades que de outra forma, seriam difíceis ou impossíveis a alunos da Educação Especial: i) Ferramentas que lêem em voz alta o texto exibido na tela – para deficiência visual ou baixa visão. Ex: JAWS, NVDA. ii) Extensão de navegador para limpar e simplificar páginas da web, para uma leitura mais fácil – para dificuldades de processamento visual, dislexia, TEA, TDAH, entre outros. Ex: Postlight Reader. iii) Software de conversão de fala em texto – para usuários com dificuldades motoras ou de escrita, como pessoas com deficiência física, transtornos globais do desenvolvimento que afetam a motricidade, disléxicos, baixa visão ou com deficiência visual. Ex: Google Dictation. iv) Aplicativos de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) que utilizam ícones para construção de frases propiciando uma comunicação eficiente – para pessoas com deficiências globais ou transtornos do neurodesenvolvimento com atraso, dificuldade ou ausência de fala por diversas ou múltiplas condições (Deficiência e/ou Comorbidades associadas prevalentes que afetam a socialização e inclusão pelas limitações da fala). Ex: Proloquo2Go.
Esses professores em formação, já atuam na rede pública de ensino e atendem alunos da Educação Especial, logo eles puderam pensar nas dificuldades que já vivenciaram e refletir sobre o quanto essas ferramentas digitais facilitariam ou não suas atividades pedagógicas. A avaliação foi positiva, com observações sobre os aspectos que poderiam ser ajudados e outras dificuldades que surgiram durante o uso e o nível de impacto previsto. Inclusive, alguns indicaram que já passariam a utilizar em sala de aula.
Carmen é doutoranda no PPGET pela Linha 1, tenho sido orientada pelo Prof. Dr. Amarildo Menezes Gonzaga (até sua aposentadoria) e atualmente, pelo Prof. Dr. Davi Avelino Leal. Investiga a (auto)formação dos professores em seus processos formativos, com Produto Educacional para identificação das lacunas nos aprendentes, para ser utilizado por professores formadores investigarem suas próprias práticas. Trabalha na Escola de Saúde Pública de Manaus (ESAP) como apoio técnico nas atividades e fluxos da Educação em Saúde – formação continuada dos profissionais e, como Supervisora da Especialização em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família, desenvolvendo atividades formativas junto aos preceptores.
Karla é mestra e doutoranda pelo Instituto de Computação (ICOMP) da Universidade Federal do Amazonas, orientada pelo prof. Dr. Eduardo Feitosa. Integra o grupo de pesquisa em Tecnologias Emergentes e Segurança de Sistemas. Também trabalha com Computação Desplugada e Educação Maker. É professora da disciplina de Segurança da Informação na Universidade Católica de Pernambuco; cofundadora e diretora estratégica da GEN+; integra o projeto Placa Mãe.Org e o Observatório de Educação Digital, entre outros.
Como produto da disciplina de Educação Especial, os alunos construíram um PodCast com finalidade de Divulgação Científica, disponível para acesso pelo Spotify, cujo conteúdo foi gerado a partir das atividades realizadas em sala, como autonarrativas, rodas de conversa, teatro adaptado, caso de ensino, entre outros recursos e estratégias didático-pedagógicos.
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