Biodiversidade como projeto ABP

A disciplina Biodiversidade: contextos e práticas de ensino na Amazônia foi ofertada pela primeira vez no PPGET e trabalhou todo o conteúdo e atividades pela metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP). Um dos principais enfoques da disciplina foi o distanciamento que existe entre as inúmeras publicações científicas sobre seres vivos do bioma Amazônia e os conteúdos tratados nos livros de Ciências e Biologia. A força crescente de movimentos para a proteção da Amazônia passa desapercebida pelos habitantes do bioma que estão, principalmente, nos centros urbanos, apartados do meio natural. Onde estão as informações sobre os seres vivos amazônicos para que nossas crianças e jovens conheçam e aprendam a valorizar essa diversidade e, como podemos ensinar nos diferentes contextos de vida amazônicos foram alguns questionamentos relevantes para a elaboração do artefato, que seria o produto final da disciplina.

Além dos professores Adriano Oliveira e Juliana Lucena que trataram de temas como Bioma Amazônia, Diversidade animal, Diversidade microbiana, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e Transdisciplinaridade, foram convidados a falar de sua percepção sobre a Amazônia a partir de suas experiências de pesquisa, a egressa do PPGET Me. Laís Vilhena (autora do curso de formação continuada em Saúde Bucal para professores indígenas), as mestrandas Iarima Lopes (com o tema Educação Ambiental e Saúde por meio de ABP) e Rebeca Brandão (com o tema Peixe Elétrico e as Ciências da Natureza).

A comunicadora digital Luciana Travassos apresentou a ONG NOSSAS, recém-chegada a Manaus, que atua de forma engajada em questões sociopolíticas e na conscientização ambiental no meio urbano. Luciana trouxe contribuições sobre a importância do manejo do lixo, do saneamento básico e da pressão popular sobre os representantes na câmara municipal e na assembleia legislativa em relação a essas e outras necessidades da população.

O pesquisador Dr. Jesem Orellana (Fiocruz) enriqueceu o debate falando sobre as consequências da existência de longo prazo de garimpos ilegais nas regiões dos rios Tapajós (Pará) e Mucajaí (Roraima) que impactam os ecossistemas pela contaminação por mercúrio e põe em risco a vida de diferentes etnias indígenas e comunidades ribeirinhas. O pesquisador destacou estudos recentes que confirmaram a presença de mercúrio em diferentes espécies de peixes consumidos pelas populações locais, bem como em crianças e adultos Munduruku e Yanomami, deixando claro que a defesa da Amazônia não é uma questão para os ambientalistas, mas afeta a todos nós como seres humanos e nossa existência no planeta.

Ao longo de três semanas, as atividades do projeto ABP e as contribuições dos professores e de seus convidados culminaram com uma visita técnica ao Museu da Amazônia (MUSA) e com a apresentação final dos artefatos elaborados pelos participantes da disciplina: uma cartilha para o 9º ano do Ensino Fundamental – O Fantástico Mundo dos Insetos da Amazônia – e um Catálogo de Fungos da Amazônia para o Ensino Médio, com destaque para os basidiomicetos (fungos que formam cogumelos) do MUSA. Os professores agradecem a todos que contribuíram para enriquecer esta disciplina e parabenizam o empenho dos alunos durante todo o processo!